1. O discipulado familiar faz parte da Grande Comissão.
Em Mateus 28, Jesus Cristo ressuscitado, de pé no topo de uma montanha com as marcas dos pregos em suas mãos, diz a seus seguidores: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo o que eu vos ordenei” (Mateus 28:19). Chamamos isso de Grande Comissão — o resumo de tudo com o que a igreja cristã deve se comprometer até a volta de Cristo. No chamado a fazer discípulos em todos os lugares e a ensinar inteiramente os mandamentos de Cristo, podemos estar absolutamente certos de que este imperativo inclui aqueles discípulos que faremos em nossas próprias casas. Você não pode se considerar um seguidor de Cristo se estiver empenhado em fazer discípulos em sua vizinhança, mas não em torno da mesa da cozinha. A liderança espiritual de sua casa é seu trabalho, comissionado por Deus, e seria um terrível abandono do dever ignorá-lo.
2. O discipulado familiar é importante.
Deveria ser suficiente dizer que o discipulado familiar é importante porque Deus o ordena e ele merece nossa adoração, mas até mesmo atribuições importantes muitas vezes perdem na competição de coisas necessárias que imploram por nossa atenção. O discipulado familiar é um componente vital do que significa ser um pai cristão e está acima de outras responsabilidades parentais. A paternidade está cheia de tarefas importantes. Da habitação, vestuário e alimentação ao afeto, brincadeiras e educação, existem inúmeros aspectos essenciais para ser mãe ou pai. Mas que bem isso fará aos nossos filhos se eles tiverem todas as “coisas” de que precisam, mas não conhecerem seu Salvador? De que adianta uma educação em matemática e ciências se eles não podem fazer uma escolha moral nem conseguir raciocínio por trás de sua importância? De que adianta uma casa de família se eles não conhecem Jesus que foi preparar um lugar eterno para aqueles que o seguem? Discipular sua família é indispensável para todos os aspectos da vida de seu filho, bem como para a vida futura — e supera em muito o resto de suas responsabilidades.
3. O bom discipulado familiar é geralmente comum.
Só porque é importante não significa que os momentos de discipulado em família precisarão ser o ponto alto de cada dia. O discipulado familiar, na melhor das hipóteses, é uma parte comum do ritmo normal de sua família. A liderança espiritual de sua casa pode — e deve — ocorrer de maneira tão suave e natural que muitas vezes não é digna de nota. Aproveitar os momentos em que sua família já interage regularmente ao longo do dia para falar sobre os mandamentos de Deus e vivê-los torna rotina o seguimento de Cristo.
4. Criar filhos anormais é um componente contraintuitivo e vital do discipulado familiar.
Em uma cultura cada vez mais secular, também é cada vez mais importante equipar as crianças cristãs com a audácia necessária para serem contraculturais. As crianças de hoje precisam não aprender apenas o que é verdadeiro, mas também como diferencias o verdadeiro do que é falso e como enfrentar corajosamente uma torrente de opiniões contrárias. Embora meus instintos parentais me tentem a criar um filho que seja amplamente admirado, o chamado de Deus para minha vida é criar uma família que esteja pronta a ser odiada por seguir a Cristo. É preciso intencionalidade para criar uma geração que é valente o suficiente para ser justamente anormal.
5. O discipulado familiar não o torna responsável pela salvação de seus filhos.
Você pode pregar, ler a Bíblia todos os dias — o dia todo — e ainda assim, não pode forçar seus filhos a seguir a Cristo, bem como você não pode forçar Deus a salvá-los. A salvação de seu filho nunca é um crédito de pais perfeitos. Da mesma forma, você não deve se culpar se seu filho fugir de Deus, apesar de seus melhores esforços. “Pela graça você foi salvo por meio da fé. E isso não é obra sua; é dom de Deus, não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8–9) é tão verdadeiro para seu filho quanto para você. É uma bênção, portanto, saber que Deus pode nos salvar mesmo sem nossos próprios esforços e, apesar de nossos erros, ele ainda convida mamães e papais para fazer parte de como ele discipula e salva uma nova geração de seguidores.
6. O discipulado familiar deve ser um esforço de equipe que inclua tanto a família quanto a igreja.
Embora os pais tenham o potencial de serem as pessoas mais influentes na vida de uma criança e o lar seja o principal instrumento e ambiente para o discipulado, não se espera que os pais carreguem esse fardo sozinhos. A igreja não pode ser onde “terceirizamos” o discipulado de nossos filhos, mas também não deve ser ignorada como um componente significativo do ministério cristão para e com a família. A melhor versão do discipulado familiar envolve toda uma comunidade de crentes trabalhando em conjunto com os pais na educação espiritual dos filhos.
7. O discipulado familiar é uma doutrinação sem remorso.
Ensinar a seus filhos tudo o que Cristo ordenou não é uma forma de dar a eles a “religião cristã” como uma opção para qual verdade eles podem escolher ou seguir. O discipulado familiar é treinar sua família no que é verdadeiro, sem considerar as opiniões condescendentes daqueles em outros campos. Você está equipando seus filhos com uma lente para ver o mundo como ele realmente é, quebrado e precisando desesperadamente de um Salvador. Acredito que Jesus Cristo quis dizer isso quando disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). Então, de que adianta dizer aos nossos filhos para “escolher o que é verdadeiro para eles mesmos” se sabemos que existe, de fato, apenas uma fonte de vida no deserto deste mundo?
8. O discipulado familiar afetará o comportamento, mas não é um meio de manipular sua família.
Pode ser tão fácil e, portanto, tão tentador, fazer mau uso da palavra de Deus para atender às nossas próprias necessidades. O discipulado familiar nunca deve ser usado de forma distorcida como um meio de fazer com que sua família faça o que você deseja, intimidando-os ou ameaçando-os com a palavra de Deus. Manipular o comportamento de seus filhos, retratando Deus como zangado com eles quando fazem algo errado e feliz quando fazem o que você quer, rouba a beleza da verdadeira graça que sempre nos ama mais do que merecemos e nos chama a obedecer por alegria e amor, não por coerção ou táticas de intimidação. É fácil criar um filho farisaico que fala a Deus da boca para fora, mas cujo coração está longe dele. O discipulado familiar roga ao Senhor pela transformação do coração, e isso levará, consequentemente, a um coração que se deleita na obediência ao Senhor.
9. O discipulado familiar não é o caminho mais fácil.
Por mais importante e significativo que seja o discipulado familiar, ninguém está prometendo que será fácil. Crianças de todas as idades podem resistir a aceitar o que seus pais têm a dizer ou se rebelar contra as instruções de sua mãe ou pai. Requer uma persistência justa e teimosa e uma paciência gentil e graciosa para liderar espiritualmente uma família. Todos cometemos erros como pais, mas que o maior erro que cometemos nunca seja desistir do chamado de Deus em nossa vida para liderar nossa família simplesmente porque não é mais fácil.
10. O discipulado familiar pode ser incrivelmente gratificante e muitas vezes leva à incrível obra do Senhor na vida da família e da criança.
Se você está discipulando sua família, presumo que você segue o Deus do universo. Se ele é por você, diga-me, quem pode ser contra você? Ninguém ganha contra o seu Deus. Esta criança que ele confiou a você é dele, e não é por acaso que ele a colocou sob seus cuidados. Sim, trabalhamos nossa salvação com muita sobriedade e cautela, mas sem faltar confiança e coragem de que o Senhor que iniciou a fé em nosso coração possa fazer o mesmo na vida de nossos queridos pequeninos. Que bênção ser convidado para saber como o Senhor molda e salva uma alma humana! Com Cristo como seu Rei e Deus como seu Pai, você pode absolutamente fazer isso! Claro, sua família pode não mudar da noite para o dia; e sim, você cometerá erros. Mesmo com todas as resistências, erros e falhas no caminho, não falta esperança de que o Deus que fez o universo pode operar no coração daqueles que ele escolhe de acordo com seus propósitos.
Adam Griffin é coautor com Matt Chandler de Family Discipleship: Leading Your Home through Time, Moments, and Milestones.
Adam Griffin (DEdMin, The Southern Baptist Theological Seminary) é o pastor principal da Eastside Community Church em East Dallas, Texas. Anteriormente, ele serviu como presbítero e pastor de formação espiritual na Village Church. Adam mora com sua esposa, Chelsea, e seus três filhos, Oscar, Gus e Theodore, em Dallas, Texas.
Esse artigo foi traduzido do artigo original em inglês com a permissão da Crossway (https://www.crossway.org/articles/10-things-you-should-know-about-family-discipleship/)