19 de julho
Fui à reunião e Amélia também. Havia muitos jovens e algumas crianças lá. Dr. Cabot foi de cadeira em cadeira, falando com cada um separadamente. Quando veio até nós, esperava que ele dissesse algo sobre a maneira como fui criada e me repreendesse por não tirar maior proveito das instruções e do exemplo que tinha em casa. Em vez disso, ele disse, com uma voz alegre:
— Bem, minha querida, não posso ver seu coração por dentro e dizer com certeza se nele há amor a Deus ou não. Mas suponho que tenha vindo aqui hoje a fim de me deixar ajudá-la a descobrir?
— Sim — foi tudo o que consegui.
— Deixe-me ver, então — ele continuou. — Você ama sua mãe?
— Sim — respondi mais uma vez.
— Me prove que sim. Como sabe disso?
Tentei pensar. Então, disse:
— Sinto que a amo. Adoro amá-la, gosto de estar com ela. Gosto de ouvir as pessoas a elogiarem. E tento — pelo menos de vez em quando — fazer coisas que lhe agradam. Mas não tento metade do que deveria; faço e digo muitas coisas para contrariá-la.
— Sim, sim — ele comentou. — Eu sei.
— Minha mãe lhe contou? — gritei.
— Não, querida; na verdade, não. Mas conheço a natureza humana depois de completar meus 50 anos e com seis filhos para criar.
De alguma forma, senti mais coragem depois que ele disse essas coisas.
— Em primeiro lugar, então, sente que ama sua mãe? Mas nunca sente que ama o seu Deus e Salvador?
— Muitas vezes tento, tento, mas nunca sinto — eu disse.
— O amor não será forçado — ele acrescentou de pronto.
— Então, o que devo fazer?
— Em segundo lugar, gosta de estar com sua mãe, mas nunca gosta de estar com o Amigo que a ama muito mais do que ela?
— Não sei, nunca estive com ele. Às vezes penso que quando Maria sentou-se a seus pés e o ouviu falar, deve ter ficado muito feliz.
— Chegamos ao terceiro teste, então. Gosta de ouvir as pessoas elogiarem sua mãe. E, alguma vez, já se regozijou ao ouvir o Senhor ser engrandecido?
Balancei a cabeça com muita tristeza.
— Vamos, portanto, tentar o último teste. Você sabe que ama sua mãe porque tenta fazer as coisas que lhe agradam. Ou seja, tenta fazer o que sabe que ela espera que você faça? Muito bem. Nunca tentou fazer alguma coisa que Deus esperasse de você?
— Oh, sim, muitas vezes. Mas não tantas como deveria.
— Claro que não. Ninguém faz. Mas vamos lá: por que tenta fazer o que acha que vai agradá-lo? Por que é fácil? Por que gosta de fazer o que ele gosta, em vez do que você mesma gosta?
Tentei pensar e fiquei intrigada.
— Não importa — disse o Dr. Cabot. — Cheguei ao ponto que pretendia. Não se pode provar a si mesmo que ama a Deus examinando os sentimentos que nutrimos por ele. Eles são indefinidos e inconstantes. Mas à medida que você lhe obedece, você mostra que o ama. Não é natural para nós, seres humanos pecadores e ingratos, preferirmos o seu prazer ao nosso, ou seguir o seu caminho em vez do nosso; e nada, senão o amor a ele, pode ou nos torna obedientes.
— Não poderíamos obedecer-lhe por medo? — Amélia perguntou nessa hora. Ela estava quieta, ouvindo todo o tempo.
— Sim, assim como pode obedecer a sua mãe por medo, mas apenas por um tempo. Se você não tivesse um amor verdadeiro por ela, aos poucos deixaria de temer sua desaprovação, ao passo que é da própria natureza do amor se fortalece e tem mais influência a cada instante.
— Você quer dizer, então, que, se quisermos saber se amamos a Deus, devemos descobrir se estamos lhe obedecendo? — Amélia perguntou.
— Exatamente o que quis dizer. “Aquele que guarda os meus mandamentos, este é o que me ama”. Mas não posso falar mais com vocês agora. Ainda há muitos outros esperando. Podem voltar na próxima semana, se tiverem mais perguntas a fazer.
Quando saímos para a rua, Amélia e eu seguramos a mão uma da outra. Não dissemos uma palavra até chegarmos à porta, mas sabíamos que éramos tão boas amigas como sempre.
— Eu entendo tudo o que o Dr. Cabot disse — Amélia sussurrou enquanto nos separávamos. — Mas me senti como se estivesse num nevoeiro. Não consigo entender como é possível amar a Deus e, ainda assim, sentir-me tão estúpida quanto me sinto quando penso nele. No entanto, estou determinada a fazer uma coisa, que é orar regularmente, em vez de uma vez ou outra, como tenho feito nos últimos tempos.
Esse é um trecho do livro Caminhando para o Céu.
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