Meu filho não gosta de ler

Socorro! Meus filhos não gostam de ler (PARTE 1)

 Parte 1 — Identificando obstáculos

por Glenda Faye Mathes

Tempo de leitura: 7 minutos

Alimentando o amor

Eu me lembro bem da minha ansiedade e sentimento de incapacidade quando meu filhos estava tendo problemas com a leitura! Ele simplesmente não gostava. Como leitora ávida desde nova, eu achei difícil compreendê-lo. A dificuldade dele deixou nós dois frustrados por um longo tempo. Mas agora ele é um leitor animado e engajado, que compartilha a alegria literária com seus filhos.

Essa memória ainda me emociona e permanece viva, mesmo tendo acontecido trinta anos atrás. Meu coração dói pelos pais de hoje, que enfrentam ainda mais desafios ajudando seus filhos a se deleitar na leitura. Começarei identificando os maiores obstáculos e concluirei com algumas sugestões práticas para ajudar vocês a alimentar nos seus filhos o amor pela leitura.

Identificando obstáculos

Compreenda desde o início que cada criança aprende a ler de maneiras e em períodos diferentes. Transtornos de aprendizagem como dislexia e déficit de atenção ou distúrbios de processamento exigem uma atenção especial. Problemas de visão, como deficiências de formação dos olhos e na função de movimento dos olhos, também podem tornar a leitura árdua para as crianças. Se você suspeita que algum desses problemas pode ser um dos fatores na aversão de uma criança à leitura, você deve procurar um diagnóstico profissional e o tratamento apropriado.

Havendo problemas físicos ou não, os pais devem estar atentos aos maiores competidores que estão lutando pelo tempo e atenção dos filhos. Eles também devem avaliar como um ritmo de vida agitado pode criar estresse para toda a família.

 

Tecnologia

O maior impedimento do prazer na leitura é o polvo da tecnologia, cujo tamanho e força ultrapassam até o molusco gigante de Julio Verne. A tecnologia também compartilha as características traiçoeiras e obstinadas de um tumor cerebral. O vício em tecnologias cresce em um ritmo exponencial e o tempo de tela pode causar mudanças físicas e emocionais que sufocam a criatividade e o contentamento.

Enquanto muitos pais reconhecem os perigos de jogos e as ameaças das mídias sociais, poucas pessoas percebem que a tecnologia visa intencionalmente atingir as crianças. Richard Freed alerta como “A Guerra da Indústria Tecnológica contra as Crianças” utiliza “a arma da manipulação psicológica” para abrir “uma janela para os corações e mentes das crianças” e explorar “suas vulnerabilidades específicas”. Perceber que essa manipulação acontece me dá arrepios. Saber que ela mira nas crianças me deixa com o coração na boca.

Muitas pessoas acreditam que a tecnologia bloqueia as habilidades de leitura em cérebros jovens. Em “Proust e a Lula: A História e a Ciência do Cérebro Leitor”, Maryanne Wolf escreve sobre a perda das “habilidades aperfeiçoadas pelo cérebro leitor” em muitos “nativos digitais” que sentam “paralisados diante de telas”. Esses jovens “podem nunca se tornar habilidosos na leitura de verdade”. Durante a fase na qual importantes habilidades de leitura se desenvolvem, “eles podem não ter sido desafiados a explorar o ápice do cérebro leitor totalmente desenvolvido, o qual é: os momentos para pensar sozinho”. Olhar para a tela dificulta a habilidade do cérebro de ir além da simples decodificação para a leitura cuidadosa.

A mídia digital promove a gratificação instantânea e a atenção curta, enquanto a leitura requer um envolvimento mental mais prolongado e intencional. A tecnologia amortece o engajamento criativo e o pensamento crítico. Esse pode ser o fator destrutivo que mais rouba o deleite das crianças na leitura.

 

Correria

A correria da vida moderna pode dificultar a vida de alegria na leitura. Muitas crianças passam horas na sala de aula seguidas de trabalhos para casa à tarde. Elas participam de diversas atividades associadas à escola, comunidade e igreja. As famílias correm de um lado para o outro, comendo qualquer besteira no meio do caminho. Muitas crianças têm pouco tempo para relaxar seus corpos e renovar suas mentes.

Quando as restrições da pandemia temporariamente proibiram as atividades, as famílias enfrentaram tensões diferentes ao ajustarem horários de trabalho e os desafios das aulas online. As crianças sofriam com a redução de fontes de energia e criatividade, enquanto as famílias sofriam emocionalmente com a perda de ritmos renovadores como comunhão e adoração.

A maioria dos professores quer ajudar seus alunos a gostarem de ler, mas o tempo e o foco em suas aulas é limitado (ainda mais no caso do aprendizado virtual). As tarefas obrigatórias podem ter como objetivo ampliar os horizontes de uma criança, mas às vezes a impedem de ler.

Todas as famílias lidam com outras situações e circunstâncias que complicam os principais fatores descritos aqui. Apesar de uma série de fatores concorrentes que conspiram contra os esforços dos pais para ajudar as crianças a gostar de ler, a situação está longe de ser desesperadora. Se você se sentir desanimado, como eu me senti há muitos anos, anime-se! Os desafios podem ser assustadores, mas existem estratégias e recursos para encontrar ajuda e esperança.   

A AUTORA

Glenda Faye Mathes é escritora profissional apaixonada pela excelência literária. Ela escreveu quase mil artigos e vários livros de não-ficção, bem como a série ficcional Matthew in the Middle. Glenda tem sido palestrante convidada em conferências para mulheres e em palestras para presidiárias.

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